Você sabe quão rentável é o seu negócio? Será que seu negócio está dando o lucro que você espera ou você poderia ter o mesmo retorno com um investimento bem mais seguro? De cada dez empresas, seis fecham antes de completar 5 anos no Brasil, segundo o IBGE, e um dos principais motivos é a falta de conhecimento do gestor sobre a real saúde financeira de seu negócio. Uma das maneiras que isso aconteça é conhecer bem os indicadores financeiros de seu negócio.
Neste artigo, eu vou te ensinar como medir e para que servem alguns dos principais indicadores financeiros para você saber exatamente como está o seu negócio, em termos financeiros. Vamos lá?
Para compreender melhor os indicadores que você deve mensurar na sua empresa, é essencial conhecer a Demonstração dos Resultados do Exercício (DRE) e seus elementos. Sendo assim, vou te apresentar brevemente os principais conceitos desse documento e te mostrar exemplos para facilitar sua compreensão.
A DRE é um relatório contábil que mostra os principais dados financeiros da empresa – suas receitas, custos, despesas, lucro e impostos – em um determinado período. A DRE por si só, não é um indicador, mas sim uma fonte de dados financeiros de onde podemos ver os principais indicadores da empresa. Vamos para um exemplo?
Imagine que um jovem estudante de engenharia de produção decide importar pulseiras da china para vender na universidade. Este jovem compra 1000 pulseiras a R$ 5,00 cada e as vende por R$20,00. Como este jovem era membro do setor comercial na Produtiva Júnior, e portanto um ótimo vendedor, conseguiu rapidamente vender todas as pulseiras. Para praticar seus conhecimentos adquiridos dentro da universidade, o jovem decidiu elaborar uma DRE simplificada para verificar seus indicadores. Abaixo, foi o resultado que ele obteve:
A margem bruta é a razão do Resultado Operacional Bruto pela Receita Bruta de Vendas, em porcentagem. Parece confuso? Calma, é mais simples do que parece.
O lucro bruto (ou resultado operacional bruto) é tudo que a empresa faturou menos as deduções de vendas (impostos e devoluções, por exemplo) e os custos para produzir um produto ou oferecer um serviço. Simples assim.
Esse indicador informa a você, empresário(a), o quanto a venda de cada produto contribui para o pagamento das despesas e para o lucro da empresa.
A fórmula para calcular a margem bruta é a seguinte:
No nosso exemplo, a margem bruta é:
A margem Ebita é a razão do valor Ebitda pela Receita Bruta de Vendas, em porcentagem. O Ebitda ou Jajida é o resultado operacional bruto mais as receitas não operacionais (já explicadas acima, neste artigo) subtraída das as despesas não operacionais e das despesas gerais.
A margem Ebitda é importante para mostrar quão lucrativa foi a empresa no período delimitado, desconsiderando o imposto de renda. Como o imposto de renda varia a depender do modelo de declaração adotado pela empresa, este indicador é ideal para comparar negócios diferentes, uma vez que despreza essa variável. Por essa razão, é um dos indicadores que mais interessa a investidores.
A fórmula para calcular a margem Ebitda é a seguinte:
No exemplo do nosso jovem, sua margem Ebitda é de:
É o quanto sobra da venda de um produto após se retirar as deduções de vendas, os custos variáveis (gastos diretos relacionados à produção) e despesas variáveis (gastos indiretos relacionados à administração ou venda, como comissão e publicidade).
A forma de calcular a margem de contribuição é a seguinte:
Sendo “gastos variáveis” a soma de custos variáveis e despesas variáveis.
No nosso exemplo, temos uma margem de contribuição de:
Isso significa que a cada pulseira de R$ 20,00 que o estudante vende, R$ 10,00 (50%) contribuirão para pagar seus custos e despesas fixos, pagar seu imposto de renda e o que sobrar disso servirá de lucro.
Agora que você sabe o que é a margem de contribuição, vai ficar fácil de aprender o que é esse novo indicador. Também conhecido como Break-even-point, o ponto de equilíbrio é o valor no qual a empresa “se paga”, isto é, quando o total de receitas se iguala ao total de gastos.
Imagine o seguinte: a empresa possui diversos gastos fixos, alguns são custos (ligados diretamente à produção): folha de pagamento da equipe operacional e aluguel do espaço de produção, por exemplo, e outros são despesas (ligados indiretamente à produção), como computadores dos escritórios e pró-labore. Esses gastos aparecerão no final do mês, independentemente se empresa vende ou não. De onde vai vir o dinheiro para pagar por esse gastos? Justamente da margem de contribuição.
Então no nosso exemplo, vamos imaginar agora que o jovem agora decidiu alugar um ponto para vender suas pulseiras e irá arcar com um gasto extra de R$ 1.000,00 de aluguel. Se “sobra” R$10,00 a cada pulseira vendida (sua margem de contribuição), ele precisará vender 100 pulseiras para atingir seu ponto de equilíbrio e pagar todos seus gastos fixos. A partir desse ponto, a cada pulseira vendida, o estudante tem lucro de R$10,00.
Por que esse indicador é tão importante? Simplesmente porque se não atingir esse valor, o negócio não se paga. Já imaginou investir num negócio, trabalhar duro todos os dias e não ter certeza se seu negócio está se pagando?
O ROIC da sigla em inglês Return Over Invested Capital, ou Retorno sobre capital investido, é o quanto um investimento retorna aos seus acionistas ou empresário em forma de lucro, quando comparado ao valor investido.
Você pode encontrar o valor desse indicador no seu negócio dividindo o lucro líquido pelo investimento inicial. A fórmula para o ROIC é a seguinte:
Como no nosso exemplo, o valor inicial investido pelo aluno de engenharia de produção foi R$ 5.000,00 para adquirir as pulseiras, e ele retirou R$ 6.000,00, seu ROIC foi de:
É claro que este é um exemplo ilustrativo de venda informal de pulseira. Na realidade das empresas, o ROIC dificilmente ultrapassa os 30%.
Por que esse indicador é tão importante? Com um ROIC de 20% por exemplo, o gestor sabe que a cada R$100,00 reais que investe no negócio, retira R$ 20,00 para sí, além dos R$ 100,00 aplicados inicialmente.
Esse indicador é muito importante também para saber se vale a pena manter um negócio. Levando em conta que o Tesouro Selic, considerado o investimento mais seguro do país, retorna atualmente (Julho de 2019) cerca de 6,4% ao ano aos investidores, ter uma empresa com ROIC que retorne menos que isso talvez não seja uma boa aplicação do seu capital. Afinal, você poderia ter o mesmo rendimento, com risco bem menor investindo no tesouro. Isso sem falar do tempo e trabalho desprendidos de gerir uma empresa.
Isso não quer dizer necessariamente que você deva fechar seu negócio, outras variáveis podem interferir. Por exemplo, é comum que empresas com poucos meses ou até anos ainda não se paguem, pois não pegaram tração de vendas o suficiente. Já se a empresa está em funcionamento há muitos anos, talvez uma mudança de estratégia faça com que o negócio se torne rentável.
Uma consultoria empresarial pode te ajudar com isso. Se esse for seu caso, recomendo ler um de nossos artigos voltados para gestão estratégica.
Agora eu vou te dar uma dica de indicador não financeiro que você também deve se atentar, o NPS.
O Net Promoter Score tem como objetivo medir a satisfação dos clientes, e é um dos principais indicadores para diversas grandes empresas, como Apple, XP investimentos, Starbucks e Amazon.
Para Jeff Bezos, fundador da Amazon, “A coisa mais importante é ser obsessivamente focado no cliente. Nossa meta é ser a companhia mais ‘cliente cêntrica’ da Terra”. Ser “obsessivamente focado no cliente” pode ser bem lucrativo. Se você não está familiarizado com as atitudes que tornaram a Amazon uma referência em relacionamento com cliente e Jeff Bezos o homem mais rico do mundo, recomendo que leia o livro “A loja de tudo”.
A Endeavor elaborou um artigo para ajudar empresários a aplicar o NPS em suas empresas.
Uma forma de visualizar seus indicadores é fazer uso de um dashboard ou “painel”. Já imaginou ter um painel com os principais indicadores da sua empresa exibidos de maneira visual e interativa para poder acessar pelo seu celular ou computador de onde estiver? Aqui na Produtiva Júnior, nós já elaboramos diversos dashboards para nossos clientes.
Para aprender mais sobre Inteligência Comercial e Dashboards, recomendo a leitura desse artigo.
Por fim, espero que tenha gostado desse artigo e que consiga aplicar as ferramentas trazidas aqui para melhorar o controle financeiro de sua empresa. Tem alguma dúvida ou gostaria de saber como podemos te ajudar com isso? Clique aqui e entre em contato com nosso time.